domingo, 19 de dezembro de 2010

2010, já vai tarde!

2010, já vai tarde!

Eu sei o quanto é chato ficar lendo em tudo que é blog sobre o ano que está terminando.
Blogs são feitos para purgar pensamentos que ficam obstruindo as veias, e não deixa mais nada pulsar; é preciso transformá-los em palavras para dar lugar a outros sonhos - por isto, perdoe-me, preciso escrever.
Este ano de 2010, que será “esse” logo, logo, foi um dos piores anos da minha vida.

Deixei de usufruir das minhas aulas de inglês e de pillates, que adoro.
Deixei de fazer muitas coisas que gosto.
Deixei um pouco minha vida, pra lá.

Já comecei sabendo que seria ruim, pois fui alçada a um cargo de chefia que não queria. Horários alterados, rotina diária alterada, relação tumultuada entre colegas e cansaço aumentado. Não sei mandar ou pedir – gosto de fazer, então sou uma péssima chefe. E dizer o que está errado, me deixa mal, então não sirvo pra ser chefe.
Já sabia disso, mas fui escolhida assim mesmo.
Ano que vem volto às minhas funções normais e volto a ser mais normal.
Péssima experiência.

A saúde também sofreu com as intempéries. Hoje enxergo menos, mas observo mais. Agora quase que já posso me alimentar normalmente, graças a intermináveis tratamentos dentários.

E sofri vários tombos. Levantei-me de todos eles, e tentei e tentei, mas todo o esforço só me rendeu joelhos, cotovelos e coração esfolados.
Estranha sensação esta de ter que provar pra alguém que você é uma boa pessoa, que não está mentindo, que realmente quer ser feliz “com”.
Brincando no twitter com a Rita Lee, acabei recebendo uma resposta séria que me aliviou por saber que alguém pensava da mesma maneira que eu, sem ter a mínima idéia de toda a situação.

[@LitaRee_real “@Ela_TVM : o que fazer quando vc pede pra pessoa que vc gosta não fazer o que vc não gosta, e ela continua fazendo?” Ela ñ gosta d vc]

Então passei o ano de 2010 pedindo, pedindo, e recebendo muito pouco ou quase nada.
Houve fatos bons também, mas foram tão poucos que nem consigo me lembrar.

“Parênteses”: a minha Tuli (a gatinha) é exceção – continua participando ostensivamente no meu humor, sempre melhorando-o e me lembrando a cada manhã que é preciso sorrir.

Nada que consegui até hoje na minha vida foi fácil.
Sempre tive que lutar. Mas para lutar “por” é preciso que o outro queira receber – não foi o caso: saí pra me recuperar e curar os machucados.

Gosto de lutar porque gosto de viver.
Por isto, 2010, já vai tarde!
E então prepare-se 2011, eu estou em vantagem em relação a você: já comprei minhas luvas de boxe.

Amar

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

E ESTÁ CHEGANDO O NATAL...

E ESTÁ CHEGANDO O NATAL...

Este ano o Natal me pegou de jeito.
A cidade onde eu moro está enfeitada com luzes, música ambiente, mini-árvores, corais, e Papai Noel em cada esquina. Exageradamente enfeitada, eu diria.
É uma época delicada, que mexe com meus sentimentos, e me faz ficar mais sensível do que o normal. Triste ou alegre, com variações diárias e instantâneas.
Basta eu ouvir a palavra Natal que me lembro automaticamente da minha doce Vovó. Mas estas lembranças têm a ver com a importância que ela teve na minha vida de criança, não somente por causa deste mês específico.
Minha Vovó aprendeu a escrever o nome com uma professora de 7 anos de idade – eu. E o sorriso dela quando terminou de escrever “Maria”, iluminou toda a minha existência. Tínhamos um caso de amor, eu e minha Vovó.

Peço licença para contar agora, minha história de Natal.
Nascer em uma família com crianças para concorrer com você, dificulta um bocado o quesito cartinhas de Natal.
Lembro-me que o meu pedido era sempre uma boneca de cabelos; óbvio que o pedido se repetia a cada ano, sem nunca ser atendido.
Bonecas de cabelo eram caras, e se andassem ou falassem, eram uma fortuna. Então a boneca era sempre substituída por um fogão com panelinhas, geladeira com caixinhas, mini bonecas, etc.
Certa vez ganhei um bebê enorme de plástico (bebês não têm cabelo). Quase inebriada por ele ter quase o mesmo tamanho que o eu, esqueci do detalhe daquele cabelo desenhado na cabeça, que não se movia. Tão íntima estava dele que resolvi dar um banho e trocar sua roupinha; dentro da pia, ao começar a ensaboar, a gorda perna se solta na minha mão, deixando-me traumatizada com tamanha barbárie. Em meio a um choro de desespero, fui salva pela minha irmã que me explicou que era só colocá-la no lugar novamente. E a cada brincadeira, os membros se soltavam e eu já nem ligava mais. Continuava a pedir uma de cabelos....
Um dia, descobri meu pai e minha irmã arrumando os presentes na árvore e despertei do sonho “Papai Noel”. O que poderia ser um drama virou uma surpresa maravilhosa. Minha avó ao saber de minha descoberta chamou-me para ir à sua casa para buscar meu presente.
Lá estava ela! Imagem linda: vestidinho curto, olhos azuis, bochechas coradas e um deslumbrante cabelo ruivo (não era liso, mas “who cares?”).
Abracei-as, primeiro a boneca e depois minha Vovó junto. Bem mais tarde fui saber que Vovó havia se desfeito de uma parte considerável de suas economias para satisfazer meu desejo de criança.

Acredite se quiser: ainda tenho a boneca guardada no maleiro do meu guarda-roupa, e minha Vovó guardada aqui dentro.
Comprar presentes para quem a gente ama, não é uma questão simplesmente de gastar dinheiro, ou contribuir para o consumismo capitalista – é também uma das inúmeras formas de demonstrar todo o carinho que você sente por aquele ser.
Piegas?
Pode achar, eu também acho, mas foi verdade.                           

sábado, 30 de outubro de 2010


CARTAS PARA ADRIANA

Prólogo:

São mesmo cartas para Adriana (nome fictício ou não). Não são para Cicrano ou Beltrano, portanto se achar que estão endereçadas a você, é por sua conta e risco.
Nem sei se seria correto usar o título no plural, pois não estou assumindo nenhum compromisso em escrever outras. Talvez tenha sido para firmar direitos autorais caso resolva escrever um livro. Espero ter coragem e ânimo para escrever outras, se algum dia souber que ela, Adriana, as leu.

Capítulo 1 (e único)

Adriana,

Aprendi nestes últimos dias (agora meses), através de sua vida, que é possível a existência de um amor tranqüilo e intenso.
Esta sua fisionomia de equilíbrio, de paz interior, talvez tenha sido adquirida após lutar inúmeras batalhas.
Não sei muito de sua vida, mas imagino.
Você desfila pelo caos deste mundo como se estivesse andando sobre o mar.
Suas palavras, com ou sem som, imprimem frases em minha mente, organizando idéias e sentimentos.
Estas mesmas palavras criam em mim, compartimentos lógicos, fáceis de abrir para consultas imediatas.
Apesar desta sua calma imensa que exala, as atitudes são firmes, exatas, claras.
Fico feliz que esteja feliz.
Fico feliz que seja feliz.
 Você encontrou o amor que merece.
Teve a sabedoria de percebê-lo há muitos anos atrás. Um amor protegido de tudo e de todos – sagrado.
Se soubesse seu endereço teria enviado orquídeas plantadas, que duram uma eternidade quando bem cuidadas.
Talvez você nem entenda a ousadia de estar lhe escrevendo. Qual seria a motivação?
O amor, desse jeito assim, que vi. O ato em si, de dizer sim.
Agora compreendo.
Agora acredito num amor assim.

Receba, respeitosamente, meu carinho, meus votos de continuidade de uma vida feliz, e virtualmente, as orquídeas da minha varanda (pra vocês).
Beijos e fim.











segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A LOIRINHA DO AVIÃO


A cena cinematográfica, absolutamente verdadeira, passa-se dentro de um daqueles enormes aviões vistos por fora e apertadíssimos por dentro.


Eu e meu cérebro vivemos nos digladiando quando chega a hora de dormir. Mesmo meu corpo estando acabado de cansaço, meu cérebro só admite dormir se ele, meu corpo, estiver na posição horizontal.


Dentro de um avião, na classe turística, é impossível satisfazê-lo. Eu até tento.


Luzes internas apagadas, começo a me preparar para dormir.


Viro de lado, coloco os pés em cima de uma estratégica frasqueira, olhos fechados, me cubro inteira, enfim, finjo que me deito – ele, o cérebro, não se deixa enganar. Não consigo dormir; aproveito então para praticar exercícios de relaxamento.


No silêncio da madrugada, em pleno voo sobre o Atlântico, entro em ondas alfa. Sensação ótima. Quase que acredito que adormeço...


De repente, ouço: chiquechiquechique, plof, plof!


Medo de abrir os olhos e acordar, ou ainda nem dormi?


Para não afugentar o suposto falso sono, abro devagarzinho um dos olhos e na penumbra me deparo com uma visão surreal de filmes de terror/comédia – uma loira anã me encarando.


Fecho o olho e aguardo ela desaparecer.


Outro pof – é real.


Abro os dois olhos, e enfrento a aparição: uma criança de loiros cabelos desgrenhados, olhos castanhos escuros compenetrados, pele rosada, blusa branca sobre uma calça de sarja larga demais e pés descalços, com um plástico bolha na mão. Seriíssima, move o objeto nas mãozinhas, maquiavelicamente. E vai estourando as bolhinhas uma a uma.


Afogo uma gargalhada debaixo das cobertas e a encaro séria. Enfim ela esboça um meio sorriso de quem conseguiu seu objetivo. Satisfeita, sai andando por entre as poltronas do corredor, arrastando seu plástico bolha pelo chão, procurando nova vítima para aterrorizar.


Eu fecho os olhos, e me arrependo de não ter tido a idéia de fotografar o evento mais surreal e doce que já presenciei nessas minhas viagens.


Fiquei pensando: queria ter tido uma filha assim.



terça-feira, 7 de setembro de 2010

MEDO

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O MEDO

Houaiss: Temor, ansiedade irracional ou fundamentada, receio.

Desde que me entendo por gente, tenho medo de escuro.
Escuridão. Falta total de tudo.

Durante um bom tempo morei em um quarto com mais duas irmãs que odiavam a luz. Eram do bem, mas luz nem pensar.
Dos 4 aos 9 anos era resgatada do chão aos prantos durante as madrugadas escuras. Ninguém sabia o por quê. Diziam que eu comia demais à noite.
Aos 13 anos descobri o que me apavorava: o escuro.
Tinha insônias inexplicáveis para uma jovem saudável. Tentava ficar acordada no meio daquela pavorosa escuridão total, implorando por uma réstia de luz. Eu nunca ia dormir, desmaiava.
Sempre me perguntavam o que eu achava que iria acontecer no escuro. A certeza que iriam aparecer monstros, vampiros, fantasmas, era mais real que tudo na minha vida. Bastava apagar a luz que eles apareciam. A luz me protegia, mas ninguém entendia isto.
Para minha família era por causa dos filmes de terror, ou das revistas em quadrinhos de vampiros que eu colecionava.

Eu era “dark” mas não gostava do negro da noite.

Aos 15 anos, resoluta, dirigi-me ao meu pai, o dono da casa, e fiz um pronunciamento: a partir de hoje vou dormir na sala. Ele não acreditou (ele nunca acreditava em mim):
-Por que vai fazer isto?
-Porque na sala tem a luz da rua.

Passei 365 dias maravilhosos com a luz poderosa da rua entrando em meu quarto adaptado, dormindo que nem um bebê. Aí a família se rebelou por mais espaço na casa e lá fui eu em nova mudança para um vão da escada (mais ou menos que nem o do Harry Potter). Ali coloquei uma luzinha bem fraquinha em um abajour, mas poderosa o suficiente para vencer vampiros, fantasmas e afins. Momentos de paz, de silêncio, de privacidade absoluta, de sono profundo.

[Voltando ao presente.]

Ainda hoje tenho medo do escuro. Já, já fiz terapia (6 longos meses) mas não chegamos a nenhuma conclusão – nem eu e a nem terapeuta.
Vampiros, monstros e fantasmas são hoje seres com os quais consigo conviver na maior harmonia.
Meu pressentimento atual é que possa morrer sufocada no escuro – não há ar onde não há luz – minha “teoria pânica”. Tenho sempre por perto minha arma poderosa: a lanterna. Velas e fósforos (porque são infalíveis e os isqueiros não são) encontram-se espalhados em toda a casa. A luz é meu oxigênio. Adaptei minha vida para conviver com o medo.

[Voltando ao passado para terminar poeticamente...]

Enfim após alguns casamentos na família, e mudanças para outros cômodos, fui promovida e ganhei meu próprio quarto aos 20 e poucos anos. Ao saber da notícia, corri para a papelaria mais equipada do bairro e gastei todas as minhas economias de mais ou menos R$50,00 em adesivos néon para o teto do meu quarto.

Nunca mais escuridão... só estrelas!

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

TREM OU CANOA FURADA

Depois de um longo tempo sem aparecer por aqui, este será longo. Então se não tiver tempo, volte mais tarde.

O mote que me trouxe de volta, foi a imagem de um piloto de fórmula 1, com a voz embargada, tomando consciência da viagem que deixou passar há algum tempo atrás, apesar de ter tentado um passeio curto numa viagem que não substituiu em nada a outra que perdeu.
Ele não estava feliz.
Sou de Minas, Belo Horizonte, terra protegida por montanhas, rica em minério e em sábios ditados populares.

Mineiro não perde o trem e nem embarca em canoa furada!
Há dois sentidos para “perder o trem”: não chegar atrasado e não perder a chance.

O trem passa algumas vezes na vida e devemos subir nele também algumas vezes.
São situações de risco seja no campo amoroso ou profissional.

Eu sei, é um pouco desconfortável. Serviço de bordo precário, banheiros sofríveis, poltronas durinhas, mas quando olharmos pela janela, e virmos o cenário provocando nossos olhos, teremos a certeza de que valeu a pena. A paisagem é linda, pastagens, bois (você já viu um?), e se aparecer uma família inteira com crianças de barriga de fora e bronzeadas com barro, sorrindo e acenando para você, será êxtase puro.
O precário trenzinho pode até se transformar num Expresso Oriente. Mas também pode transmudar-se em uma canoa furada.
A canoa furada significa a derrota total, isto é, como os franceses expressam: “merde”.
O pior é quando escolhemos a própria canoa furada sabendo que é uma canoa furada. E completando o quadro, um cretino ou cretina, tapando os buracos com fita crepe e a gente acreditando que vamos chegar em segurança na outra margem. Nem mesmo a presença de algumas corcovas, semelhantes a jacarés, nos fazem retroceder.

Tudo opção pessoal!

Mas como saber a diferença entre o trem e a canoa?
Se tem dúvidas e o sexto sentido anda enferrujado, use coletes salva-vidas, vá com calma, e se começar a afundar, não vai se afogar de jeito nenhum. Estes coletes podem ser encontrados em qualquer lojinha de conveniências dos amigos, da família, dos terapeutas, ou comprando pílulas estimulantes de livros, filmes ou meditação.

Sair da zona de conforto para pegar o trem é angustiante (às vezes perde-se o ar...).
Mas não dá para passar a vida inteira tomando lexotan todas as noites para dormir bem e se acalmar, e/ou tylenol todos os dias para não sentir dor.

Arriscar-se. Tem que tentar!
Parênteses: (Sempre não. Há algumas situações de absolutos “nãos”).

Eu já peguei muitos trens, não tantos quando deveria, e um bocado deles "deu água".
Mas este doce gosto de ter feito algo para mudar meu norte, é tão bom quanto usufruir daquilo que deu certo.
Eu fiz. Se não deu certo foi porque não dependia somente da minha vontade, ou porque não havia sintonia no querer.
Ah, como me arrependo de ter deixado alguns trens passarem sem ter nem mesmo comprado a passagem. E os bilhetes picotados com raiva, nas estações em que desembarquei, ainda flutuam na minha mente, agora lembrando o que tive de bom nestas experiências vividas.

Portanto o que vai ser?
Na próxima vez que ouvir o apito do trem prepare-se!
Vai querer embarcar ou não?

...pensando bem, nem foi tão longo assim.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

RODA DA VIDA/JOGO DA VIDA

Um caderninho, lápis 4B, apontador e borracha, sentada em uma cadeira, viajando, aproveitando a folga do feriado numa quinta-feira, agraciada pela benevolência do chefe por me haver concedido a sexta também, pelos meus belos serviços prestados.Parágrafo enorme não?
Vontade de dizer tanto e sem tempo, sem concentração e sem energia para expressar.
Trabalho, recebo salário, me canso, volto para casa, e descanso, durmo, acordo, trabalho....fim de semana, férias: viajo, passeio, ou somente fico em casa, curtindo a casa.
Uma roda que gira o tempo todo, tem vida própria, para quando quer, a vida!
Eu, por gostar dela, submeto-me aos seus caprichos.
Alguns prazerosos, outros cansativos, com vários incidentes no percurso.
Topei o jogo e jogo. Blefo, ganho, perco, e continuo a jogar.
Uma roda que gira e tem vidas, tem vida!
Às vezes consigo parceiros que se juntam a mim, entendendo o propósito de tudo isso. E seguimos, juntos, jogando.
Mas há paradas, lapsos de tempo, onde alguns optam por pular para outras rodas, ou eu sou empurrada para elas, e nos separamos, sem poder mais voltar.
Momentos tristes, cuja roda não permite, olhar para trás.
Desembarques e embarques, é a vida!
Aproveite o seu parceiro de jogo enquanto puder jogar.
Cheguei ao destino, hora de terminar, de desembarcar.
É a vida!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Saga Lusa

05 de Junho resolvo embarcar de avião para rever pessoas da minha família.
Ainda apreensiva como todos, com a tragédia do AIRBUS para Paris, mas tentando manter a elegância que o momento exige, chego inteira ao meu destino – confesso que tremi um bocado .
O pensar da volta começa a me incomodar. Preciso de algo para manter a sanidade, e nada melhor do que passar todo o voo lendo.
Opto geralmente por revistas bem cheia de fotos, assim não penso muito.
Último dia, melhor ir ao shopping e ver vitrines. Entro na minha livraria preferida, e depois de um café com pão de queijo, me veio à cabeça o livro da Adriana Calcanhotto. Com a presteza do garoto, e elogios rasgados do mesmo ao referido livro, não exito e compro.
Enfim, depois de muitos suspiros, entro novamente naquele veículo seguríssimo, e me afivelo com todo o cuidado tendo ao meu lado aquela capinha rosa cheia de pedaços colados esperando o decolar.
Após alguns minutos, já em pleno vôo, abro e deparo-me com a dedicatória “para mim”?! Já gostei. Coincidentemente o início ela também está voando, só que para Portugal.
Aí começa o relato do “surto”, e eu em pleno voo começo a surtar junto, rsrs... só é engraçado agora. Meu coração entra em palpitações, e alguns sintomas de falta de ar, e ela, a menina Adriana piorando, e eu aqui entrando em pânico. Meu Deus, este livro tem alguma coisa, ele contamina a gente....
Parei de ler.
Não deu mais. Pensei, que diacho de livro bom, mas vou esperar chegar em casa e surtar junto com ela na segurança do meu quarto.
Em duas noites li o livro.A riqueza de detalhes me levou a delírios semelhantes e o humor irônico e inteligente da narrativa foram o contraponto para sorrisos e algumas belas gargalhadas.
O livro é um manual de sobrevivência, pelo menos para mim, para situações totalmente fora de controle.
Está esperando o quê? Vá comprar o seu exemplar (preço camarada), e ainda pode escolher capinha
laranja, verde, rosa ou azul

SAGA LUSA, de Adriana Calcanhotto
Editora:Cobogó
Ano de edição: 2008
(escrito em Monday, June 29, 2009)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TRATADO SOBRE MÚSICA

TRATADO SOBRE MÚSICA

Estou transcrevendo o que escrevi anteriormente no twitter, e como aqui não há a limitação dos 140 caracteres, desenvolvi um pouco mais algumas frases.


1)Música é música, não importa se cantada em inglês, francês, italiano ou português. Cada um compõe na língua que é mais fluente ou na língua pátria.

2) Se você defende que só devemos ouvir música brasileira, e não a estrangeira, também deve se recusar a falar com alguém que não fala português. Ou ler livros, ou ver quadros ou esculturas estrangeiras.

3) Música é expressão, manifestação, cultura, arte enfim. Toda forma de arte deve ter a liberdade de ser apreciada. E também a liberdade de ser mostrada aonde quiser. Vê ou ouve quem quer.

4) Beethoven, Tchaikovsky, Mozart, Chopin, Brahms, Ravel, dentre outros tantos clássicos, são música estrangeira. Nunca vi ou ouvi ninguém sugerir que tal tipo de música não poderia ser tocada. Só porque não tem letra podemos ouvir? Não tem letra porque eles não escreveram. Se tivessem escrito, aí não poderíamos ouvir, né?

5) Mas mesmo assim você defende de todo jeito que não deveríamos ouvir música estrangeira?

6) Então deveria defender também que os cantores brasileiros não deveriam divulgar “nossa” música no exterior, pois lá ela seria estrangeira, proibida portanto de ser ouvida.

7) Fim do tratado.

sábado, 17 de abril de 2010

SAIA JUSTA


SAIA JUSTA

Que me perdoem as meninas cujo programa possui o mesmo nome, e respeitando todos os direitos autorais que por acaso existam, preciso nomear este texto assim.

Não cabe outra expressão que não esta.

Vamos aos fatos.

Tempos atrás, resolvi submeter-me a uma cirurgia de correção de miopia numa quinta-feira (da qual me arrependo amargamente, mas isto não vem ao caso). Após 12h, com a retirada da proteção ocular, você passa a enxergar perfeitamente.

No sábado haveria um encontro em comemoração aos 20 anos da minha turma do segundo grau do colégio, mas ainda não havia confirmado minha presença.

(Curiosa em saber o ano? Não conto minha idade de jeito nenhum!)

Após as devidas recomendações médicas de não levar nenhum tapa na cara, e ciente de que este tipo de baixaria não aconteceria lá, resolvi ir.

Sábado de manhã, dia de mulherzinha - fui fazer uma escova poderosa (nessa época não havia escova progressiva).

Marquei um encontro com duas colegas que continuavam a ser minhas amigas, pois moravam na mesma rua. Usando jeans strech, coladíssimo, para provar que ainda estava em forma, rumamos para o evento.

Era em um clube. Na quadra, com cadeiras e mesas em volta, ambiente na penumbra, luzes coloridas piscando, música anos 70, pensei: vou me divertir!

Sentamo-nos em uma mesa, e começou a peregrinação...primeiro as “meninas” - quase todas as morenas estavam louras agora.

Gente, minha memória sempre foi péssima; não lembro nomes, aniversários, etc. Minhas amigas sabedoras desta minha virtude, ciceroneavam minha memória, chamando alto pelo nome assim que alguém se aproximava.

MULHERES não mudam muito após 20 anos. Sério, é verdade. No máximo ficam gordinhas ou louras, e estas ainda não haviam passado pela transformação da operação plástica. Após alguns minutos de conversa, me lembrei de todas elas.

O nosso trio sempre esteve constante na sala do diretor à beira da expulsão do ambiente escolar – motivo de nossa popularidade. Todas vinham à nossa mesa, uma a uma, para grandes e longos abraços.

Aí, aproxima-se o primeiro homem. Sorriso aberto, barriga enorme, calvo, óculos de armação negra de tartaruga esquisitíssimos, abrindo enormes braços para me abraçar. Eu, em pânico, procuro pelas meninas-memória que haviam saído para buscar chope.

- Querida Ela, você está linda, só vim aqui para lhe encontrar...

- (Oh Meu Deus, quem é esse cara?) Ai, que bom te ver...

- Como vai Dona Lourdes, sua mãe? Encontrei com sua irmã Bete há algum tempo atrás e perguntei por você.

Os sintomas precoces da menopausa explodiram em mim: ondas de calor invadindo meu corpo e rosto, sensação de leve desconforto, uma dor de cabeça lá no fundinho prestes a começar...Jesus me ajude, alguém, cadê aquelas miseráveis?

- Ah, ela vai bem, (será que pergunto pela sua mãe?) E sua família como vai?

O sorriso dele começa a ficar amarelo...

- Você não se lembra de mim?

- Claro que me lembro...

Aparecem as ébrias das minhas amigas gritando em uníssono: Luiiiís, você está aqui!!!

Beijos, abraços efusivos, elas rindo da minha cara de espanto ao ver tanta intimidade entre eles...e enfim lembrei: o tal do Luís tinha sido o namorado das duas, não ao mesmo tempo claro, e eu já havia saído com eles inúmeras vezes e ele sempre dizia que um dia eu seria a próxima....

O Luís de 20 anos atrás era o rapaz mais lindo da escola, bilhete de entrada pra qualquer festinha que surgisse no pedaço. Cabelos longos, corpinho escultural, em nada lembrava aquele homem que ocupava todo o meu espaço de visão agora.

Aberta a porteira, entraram os outros “estranhos”, todos calvos ou carecas, barrigudos, alguns com bigodes enormes, e eu ali abestalhada com tanta variedade de gente sem nome.

HOMENS mudam muito após 20 anos. Sério, é verdade. Eles passam pela transformação hormonal completa e o rosto adquire contornos e rudeza que não possuíam quando eram meninos-rapazes. E esta turma, pelo visto, era formada de churrasqueiros e beberrões de primeira, com genes de calvície dominante. Somente após alguns minutos de conversa, é que conseguia me lembrar de alguns deles.

As meninas rindo e chorando a cântaros do meu desconforto, eu já pedindo pra ir embora daquela tortura psicológica, resolveram inventar a história de que eu ainda não estava enxergando muito bem por causa da cirurgia.

Todos respiraram aliviados com a explicação, menos eu, que continuava me sentindo uma alienígena naquele planeta-quadra.

Ao sairmos, para enfatizar, apoiei minha mão no ombro de uma delas, e enfim sorri aliviada com o final da festa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

TRISTE

TRISTE


Chuvas inimagináveis atingem as cidades, deixando rastros de destruição. Isto me influencia também.

Olho agora para minhas mãos, neste teclado, já idosas, cansadas, teimando em registrar.

Se estou aqui, agora, é porque não tenho mais nada que ocupe minha mente...

Dentre milhões de pessoas neste planeta existe a solidão, e eu não sou a única, mas o meu sentir é. Eu sinto na minha intensidade, que pode ser maior, muito maior que a maioria, mas deve haver alguém que sente muito mais. O importante é que sou eu que estou sentindo - então é importante, deveria ser, para quem gosta de mim.

Não importa se estou triste, isto não é motivo para atestado médico. Tristeza não é doença - tenho que trabalhar. E tenho que dormir, comer, andar, administrar, cuidar.

Será que a tristeza é somente a falta de algo?

Há espaços virtuais com diversos nomes, mas onde encontrar um em que eu possa ver, ouvir, tocar, e ter uma conversa com princípio, meio e fim?

Tudo tão rápido, olá, boa noite, bom dia, tudo bem, você sumiu, rsrsrs, smiles mil, e de repente, não tem ninguém, ou se escondem...

Insisto, e incomoda; pareço estranha, me retraio; pareço estranha de novo, desisto.

Não sou uma boa jogadora, nunca fui. Só jogava para estar junto de quem gostava, para conversar, para rir, para contar as novidades e ouvir.

Nem sei se é tristeza ou vazio.

Sinto falta de sons, sons de vozes...de risadas, de suspiros...

Tem outros mundos, o das músicas, dos livros, dos filmes - de novo ninguém me responde, só falam, e eu vejo e ouço, calada, sentindo apenas.

Quantos mundos mais?

Como aquele planetinha do príncipe, sem ninguém. E aí entendo o pequeno: dá vontade de ir embora, viajar, pra nunca mais voltar.


sábado, 13 de março de 2010

Cecília

CECÍLIA

Atrevi-me, neste sábado ensolarado, a escrever sobre minha experiência ao ler Cecília Meireles.
Necessidade de transbordar algo diante de tantas páginas lidas desde o carnaval – me impregnei de Cecília. Até tenho intimidade suficiente para chamá-la assim.

O que mais me fascina é que toda a vida literária dela foi forjada na dor – teoria que a maioria aceita: quanto mais doído mais se produz, se escreve. (Esta é minha opinião pessoal). Mas nem por isto sua obra é triste, depressiva.

Uma breve biografia para provar o que digo.
[Nasceu Cecília Benevides de Carvalho Meireles, no Rio de Janeiro,
em 07/11/1901. Perde o pai aos 3 meses de idade e a mãe aos 3 anos de idade. Foi criada pela avó portuguesa. Aos 21 anos (1922) casa-se com Fernando, pintor português, que suicidou-se após 13 anos de casamento (1935), com quem teve 3 filhas. A poeta, pintora, professora e jornalista, morre de câncer aos 63 anos de idade (09/11/1964).]

Meu primeiro contato com ela foi aos 15 anos, quando uma querida e amada professora de português (Angelina, saudade imensa...) me obrigou a ler “Romanceiro da Inconfidência” (1953). Agradeço a esta linda professora que me injetou o vírus da leitura.

De tempos em tempos, deparava-me com suas poesias, suas crônicas, mas nunca comprava livros.

Sempre li muito – tinha uma biblioteca inimaginável para uma jovem, alimentada pelos passeios em “sebos”, garimpando preciosidades e através dos familiares e amigos, sabedores da minha fome pelos livros. Depois, mulher, madura, continuava a cultivar este hábito.

Nos últimos 7 anos, acho, atingi um exílio literário em que não conseguia ler nada.
Neste período fui surfar na internet. Claro, que não por acaso, lá ia eu de novo atrás de textos interessantes, e achava ou Cecília ou Clarice Lispector, outra a qual “pertenço”.

(Abro aqui um parenteses para as pessoas especiais, poetas e escritores, sem nenhum livro publicado por pura falta de oportunidade, que me inspiraram a voltar a ler. Foi como se regassem meu ser com as palavras que derramaram em minha página do twitter, fazendo brotar novamente a paixão pela leitura.)

Neste carnaval de 2010, com a promessa de pelo menos quatro longos dias de descanso, aventurei-me em um livraria e toda segura de mim, respondi sem exitar: quero Cecília e Clarice!
(Acho que, no futuro, terei que escrever algo sobre Clarice também...)
Só haviam dois livros – um turista americano, que falava um pouco de português, havia estado lá e comprado todos os livros das duas. Relato do vendedor! Comprei o “Cecília de Bolso”, obra organizada pelo Carpinejar. O danado do garoto ainda me fêz comprar dois marcadores de livros, os quais me apaixonei na hora.
Fiquei feliz, mas como a fome ainda não estava totalmente saciada, fui ao sebo e achei outro dela: “Viagem / Vaga Mística” – dois livros editados juntos, uma pechincha de R$20,00.

Malas prontas, livros na bolsa para evitar extravios de bagagem – sempre levo o que há de mais precioso na minha bolsa de mão!

Cheguei. Calor absurdo! Fantasia adotada: camiseta, bermuda, havaianas.
Assim foram se passando os dias de televisão ligada, trios elétricos, escolas de sambas, beijos apaixonados na telinha, com volume bem baixinho, e os livros acoplados em meu corpo, tomando conta de mim.
Assustei-me com a emotividade que aflorava de vez em quando, e me obrigava a segurar insistentes lágrimas que teimavam em rolar – ler poesia é perigoso!

Vou colocar uma única poesia, imortalizada também na voz de Fagner (e que muita gente não sabe que a letra/poema é dela) pois é impossível selecionar algo - tudo é muito lindo:
“Motivo
Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias/ no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço,/ - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.”

O carnaval passou, voltei a trabalhar, caí na real, mas os livros, e estes amigos especiais continuam ao meu lado.
Estou curada, peguei o vírus novamente!

Danke – Thank you – Merci – Obrigada, “Cecílias” !

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Primeiro Milagre do Michael Jackson



O Primeiro Milagre do Michael Jackson


Calma! Leia tudo, até o final e depois conclua se tenho razão ou não.
Não sou católica e nem vou reivindicar, junto ao Vaticano, a canonização do menino.

Estando eu em uma viagem ao exterior, que hoje todo mundo pode fazer, fui “apreendida” no check in da imigração.

Como todo mundo pode? Pontos de Smiles (Gol/Air France). Basta usar loucamente seu cartão de crédito, como você já faz normalmente, e no final de mais ou menos dois anos terá os pontos suficientes para a passagem (nem que seja só de ida).

Voltando à viagem, em Paris resolvi comprar alguns LP’s para incrementar minha humilde coleção.
Malas prontas, claro que optei por levá-los em uma sacola de mão, de lona preta, própria para acondicioná-los.
Correria para o aeroporto Charles de Gaulle em uma vã lotada de estrangeiros, papo agradável com um japonês que conhecia o Brasil.

Mais uma pausa: estou estudando inglês há quatro anos, uma aula individual por semana, então apesar do pouco domínio da língua, me viro bem (palavras do simpático japonezinho).

Chegada ao aeroporto, mais correria para a fila da imigração. Você não tem idéia do que é? Tira os sapatos (em pé mesmo, não tem lugar para fazer isto), o cinto, celular, pulseiras de metal, colares, brincos, e coloca sua bolsa e todos os objetos de mão em uma cesta de plástico enorme (que depois vai ser você mesma a carregar).
À minha frente uma indiana que não tem mais aonde ter brincos, piercings, colares, pulseiras.... Meu Deus ajude-nos! Começamos a rezar, pois se ela tivesse que tirar tudo aquilo, ninguém embarcaria. Foram sensatos, mesmo porque tinham peças que só sairiam cirurgicamente.
Eu a próxima. Quase nua, dirijo-me ao detector. Enquanto caminho, uma policial vai me acompanhando e perguntando o que tinha na sacola preta.

- What’s inside of your black bag?
- Long Plays
- What?
- Some Vinyls
- Eletronics?
- Eu: what?


Olho para minha amiga e começo a ficar vermelha. Fico sempre assim, desde pequena, quando fico com vergonha ou com raiva.
Passo incólume pelo detector, calço os sapatos, coloco o cinto, mas não me devolvem a cesta.
Foi apreendida para verificação.
Ela já está em uma bancada, com outra policial, enorme, esperando minhas explicações. Imagina a Beyoncé (que agora todos conhecem) com 30 quilos a mais! Era ela!

- Do you speak English?
-Just a little.

Apontando para minhas coisas ela diz:
- Put everything out (ou Pull out everything? Esqueci)

Nesta altura, metade do aeroporto está olhando para mim, esperando o que vai sair de lá.
Esvazio minha frasqueira, cheia daqueles vidrinhos homeopáticos (devidamente acondicionados nos sacos zip) com bolinhas brancas dentro, batom, colírio, etc, etc. Ela olhando horrorizada, coloca as mãos na cintura, apalpando revólver, algemas, e sei lá mais o quê.
Aí minha mente entra em ebulição. Como se diz? Homepatic? “Layer” eu vou precisar. “One phone call” para a embaixada, Embassy?
Meu instinto “serial killer” aflorando, devidamente controlado pelos olhares suplicantes da minha amiga.
Enfim começo a retirar os LPs da sacola, cuidadosamente, porque mesmo presa, vou querer ficar com eles no futuro.
Os primeiros a sair são Nina Simone, Sarah Vaughan (que confesso estou aprendendo a ouvir) e a trilha sonora de Lolita.
Aí surge Michael Jackson, este mesmo da foto acima, majestoso.
A policial abre um sorriso de orelha a orelha e diz:
Oh, that’s it!
E vai embora, com o olhar de que me achava uma perfeita ignorante por não conseguir explicar, em inglês, o que eram Long Plays, deixando toda aquela bagunça para eu arrumar.
Por puro milagre, não fui presa como terrorista.
Graças a ele!


The End

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DOCES GESTOS


DOCES GESTOS

Meio de janeiro, coração triste, cansado, desesperançado.

Mês de aniversário: quero presente, e preciso. O quê? Vinil, cd, filme....”queria descobrir em 24 horas tudo que você adora...” Ouço no rádio e decido, ver Zélia Duncan. Correria danada, acessa internet, liga pro teatro, ingressos acabando, nunca finalizo a compra, enfim consigo.

Sábado à noite rumo certo, Rio de Janeiro, noite de estrelas e de brisa suave em pleno verão escaldante.
Teatro pequeno aconchegante, eu me envolvendo pela atmosfera de fãs, família, amigos, presentes. Todos ali esperando.

Ah, ela entra. Roupa linda, leve, solta, como ela.
Músicas vão se sucedendo, em ritmos alegres, intensos, profundamente apaixonadas, coladas em risos e sorrisos constantes.
Que fase da lua é? Fase crescente, brilhante.

Ela dança, ela samba, ela interpreta, ela recita, ela canta, ela toca, ela toma conta do pequeno palco e de todos nós.

Versões de canções esbanjando rimas ricas. E em todos os verbos sinto e pressinto energias me envolvendo diante de gestos tão doces, tão lindos.

Voz sublime, afinadíssima, segura. Artista. Cantora. Completa.

Entrei triste, saí iluminada e energizada pelo resto do ano.
Obrigada, Zélia.
Minha reverência respeitosa para você.

(em homenagem ao show de Zélia Duncan, Teatro Rival, janeiro/2010)



sábado, 9 de janeiro de 2010

Ter uma gata é . . .

Ter uma gata é . . .

- ficar feliz por ter arranhados pelo corpo;

- dizer menos;

- olhar mais nos olhos

- não se assustar com o imprevisto da presença silenciosa;

- querer abraço, aconchego, sossego;

- ter energia para brincar;

- água fresca sempre;

- ter paciência para descobrir esconderijos inimagináveis;

- ter mais paciência ainda por não ser obedecida;

- aprender a relaxar e alongar, ah....

- enfim, se acostumar a amar!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Flores por Todos os Lados

Flores por Todos os Lados

Entramos na primavera mais cedo este ano. Pelo menos para mim há flores por todos os lados. Estilos, cores, tamanhos diversos. Eu as tenho aqui bem perto, face a urgência da tristeza, da saudade, de alegrias incontidas, da paixão, do amor, da necessidade neurótica de aprender inglês também, de me distrair e abstrair. Basta abrir minha profile e eu as encontra lá.

Nomes? Vamos lá: Luiza Possi, Sabrina Rabello, Ana Cañas, Dani Gurgel, Malu Magalhães, Maria Rita, Vanessa da Mata, Céu, ..., tem mais nomes com certeza - será que esqueci alguém? A lista não é estática, não tem preferência de ordem, e para meu deleite, irei surfar e descobrir mais por aí. Mas estas estão aqui ao meu alcance.

Não importa se samba, se jazz, se blues, se rock, se pop, às vezes nem mesmo defino o que é, importa me agradar. Algo em comum? São brasileiras, vozes belíssimas, afinadíssimas. Timbre de voz perfeito, que não enjoa nunca, para ouvir até altas horas da noite. Ocupam meus ouvidos e minha mente e preenchem espaços nem sempre vazios, desafiando a física. Enquanto escrevo, ou trabalho, ou caminho, ou viajo, posso ouví-las sem perturbar nada à minha volta. Pelo contrário, são vozes que me embalam, me equilibram, me acolhem, que nem cobertozinhos de soft em noites geladas da serra.

Como se alguém, (que pode ser chamado de destino, acaso, coincidência, hum, sei lá) tivesse deixado uma porta entreaberta e elas foram entrando, sozinhas, aos pares, aproveitando a oportunidade sem receios.

Por que mulheres? Por que só mulheres? Não sei. E nem perco meu tempo pensando nisto, prefiro aproveitá-lo para ouví-las. Estão todas na sala de estar do meu notebook, e basta um click meu, poderosa que sou, para simplesmente escolher quem!

Luiza, Sabrina, Ana, Dani, Malu, Maria, Vanessa, Céu...e quem mais vier ou eu achar por aí.
Obrigada e beijos.
(escrito em Friday, September 12, 2008 )

Saturday Night Fever

Saturday Night Fever















Saturday night.

I don't have anything to do and I don't want to do anything.

Among so few options to do I left my notebook on and I started to "surf" (way of speaking in Brazil) on the Internet.

I"ve decided: I will write a stupid blog about me so that one or two people can read. If I don't find anyone to read it I can create fake profiles and I can even write my own comments to myself. Yes this is possible. Many people have many profiles at the same time.

I swear I've just got one.

Can you see how much power you have here? Here in this virtual world there aren't limits. You can do whatever you want, write whatever you want, see, speak and listen to what you want.

You can be a "friend" of everyone?!

I love being here.

I used the verb "to be" not "to live". I had the opportunity to meet such interesting people here. And I'm still meeting from time to time. This is perhaps the most important reason why I am here now. But here I am limited to using only two senses: the vision and the hearing. For the touch, the smell and the taste, I need to go out of Myspace.

Thank God they haven't invented a way to feel these senses here (till now). Taste and touch and smell only in the real world.

Only a part of my life is here – a little one.

But it's time to go. I will make popcorn and watch a good movie. :)
And please, don't be so strict. I know I'm not fluent in English and don't speak French.

Only to a specific person: [And you? Can you write a text with any meaning in Portuguese (with at least 150 words) as I did now? Can you?]

So, please, read and try to understand the meaning of what is written here. Relax guys, I'm not being aggressive.

For all those who had the courage to read till the end, have a great "Saturday Night Fever".

(escrito em Sunday, November 02, 2008 )

Palavra (En)cantada

Palavra (En)cantada



Imperdível.

Gostoso de ver e ouvir... Como um chocolate delicioso que a gente quer que nunca termine.

Imagens lindas e vozes maravilhosas.

Documentário que passeia pela história da música com poesia na nossa cultura, mostrando rap (paralelo interessante com o repente nordestino), bossa nova, tropicalismo, e outros tantos sons.

Tem que ter cuidado e amarrar bem o coração antes de começar a ver, pois ele pode pular pra fora do peito de tanta emoção.
Exagero? Não, não é. Eu juro. O documentário é simplesmente maravilhoso.
Imagens únicas como da peça Morte e Vida Severina ,Chico, Caetano, Gal, Nara Leão, Tom Jobim, em início de carreira, estão lá. Tem também Zélia Duncan soltando a voz.


Em 86 minutos você terá garantido:
-momentos de poesia com Bethânia e Arnaldo Antunes,
-momentos de cultura e desprendimento com Chico Buarque,
-momentos de humor com Tom Zé,
- momentos de lucidez, delicadeza e talento com Adriana Calcanhotto,
- dentre outros tantos momentos ....


(...imperdoável nada dizer do depoimento e a leitura tocantes da poesia de Antonio Cícero a seu pai, adaptada para a canção pela irmã Marina Lima).

Momento de pura inspiração pela realização do documentário de Helena Solberg!

(escrito em Sunday, April 26, 2009)