sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

E ESTÁ CHEGANDO O NATAL...

E ESTÁ CHEGANDO O NATAL...

Este ano o Natal me pegou de jeito.
A cidade onde eu moro está enfeitada com luzes, música ambiente, mini-árvores, corais, e Papai Noel em cada esquina. Exageradamente enfeitada, eu diria.
É uma época delicada, que mexe com meus sentimentos, e me faz ficar mais sensível do que o normal. Triste ou alegre, com variações diárias e instantâneas.
Basta eu ouvir a palavra Natal que me lembro automaticamente da minha doce Vovó. Mas estas lembranças têm a ver com a importância que ela teve na minha vida de criança, não somente por causa deste mês específico.
Minha Vovó aprendeu a escrever o nome com uma professora de 7 anos de idade – eu. E o sorriso dela quando terminou de escrever “Maria”, iluminou toda a minha existência. Tínhamos um caso de amor, eu e minha Vovó.

Peço licença para contar agora, minha história de Natal.
Nascer em uma família com crianças para concorrer com você, dificulta um bocado o quesito cartinhas de Natal.
Lembro-me que o meu pedido era sempre uma boneca de cabelos; óbvio que o pedido se repetia a cada ano, sem nunca ser atendido.
Bonecas de cabelo eram caras, e se andassem ou falassem, eram uma fortuna. Então a boneca era sempre substituída por um fogão com panelinhas, geladeira com caixinhas, mini bonecas, etc.
Certa vez ganhei um bebê enorme de plástico (bebês não têm cabelo). Quase inebriada por ele ter quase o mesmo tamanho que o eu, esqueci do detalhe daquele cabelo desenhado na cabeça, que não se movia. Tão íntima estava dele que resolvi dar um banho e trocar sua roupinha; dentro da pia, ao começar a ensaboar, a gorda perna se solta na minha mão, deixando-me traumatizada com tamanha barbárie. Em meio a um choro de desespero, fui salva pela minha irmã que me explicou que era só colocá-la no lugar novamente. E a cada brincadeira, os membros se soltavam e eu já nem ligava mais. Continuava a pedir uma de cabelos....
Um dia, descobri meu pai e minha irmã arrumando os presentes na árvore e despertei do sonho “Papai Noel”. O que poderia ser um drama virou uma surpresa maravilhosa. Minha avó ao saber de minha descoberta chamou-me para ir à sua casa para buscar meu presente.
Lá estava ela! Imagem linda: vestidinho curto, olhos azuis, bochechas coradas e um deslumbrante cabelo ruivo (não era liso, mas “who cares?”).
Abracei-as, primeiro a boneca e depois minha Vovó junto. Bem mais tarde fui saber que Vovó havia se desfeito de uma parte considerável de suas economias para satisfazer meu desejo de criança.

Acredite se quiser: ainda tenho a boneca guardada no maleiro do meu guarda-roupa, e minha Vovó guardada aqui dentro.
Comprar presentes para quem a gente ama, não é uma questão simplesmente de gastar dinheiro, ou contribuir para o consumismo capitalista – é também uma das inúmeras formas de demonstrar todo o carinho que você sente por aquele ser.
Piegas?
Pode achar, eu também acho, mas foi verdade.