Chuvas inimagináveis atingem as cidades, deixando rastros de destruição. Isto me influencia também.
Olho agora para minhas mãos, neste teclado, já idosas, cansadas, teimando em registrar.
Se estou aqui, agora, é porque não tenho mais nada que ocupe minha mente...
Dentre milhões de pessoas neste planeta existe a solidão, e eu não sou a única, mas o meu sentir é. Eu sinto na minha intensidade, que pode ser maior, muito maior que a maioria, mas deve haver alguém que sente muito mais. O importante é que sou eu que estou sentindo - então é importante, deveria ser, para quem gosta de mim.
Não importa se estou triste, isto não é motivo para atestado médico. Tristeza não é doença - tenho que trabalhar. E tenho que dormir, comer, andar, administrar, cuidar.
Será que a tristeza é somente a falta de algo?
Há espaços virtuais com diversos nomes, mas onde encontrar um em que eu possa ver, ouvir, tocar, e ter uma conversa com princípio, meio e fim?
Tudo tão rápido, olá, boa noite, bom dia, tudo bem, você sumiu, rsrsrs, smiles mil, e de repente, não tem ninguém, ou se escondem...
Insisto, e incomoda; pareço estranha, me retraio; pareço estranha de novo, desisto.
Não sou uma boa jogadora, nunca fui. Só jogava para estar junto de quem gostava, para conversar, para rir, para contar as novidades e ouvir.
Nem sei se é tristeza ou vazio.
Sinto falta de sons, sons de vozes...de risadas, de suspiros...
Tem outros mundos, o das músicas, dos livros, dos filmes - de novo ninguém me responde, só falam, e eu vejo e ouço, calada, sentindo apenas.
Quantos mundos mais?
Como aquele planetinha do príncipe, sem ninguém. E aí entendo o pequeno: dá vontade de ir embora, viajar, pra nunca mais voltar.